PERSONALIDADES NEGRAS
- blogdaeja2024
- 19 de nov. de 2024
- 8 min de leitura
Atualizado: 20 de nov. de 2024
Mulheres e homens negros contribuíram para a construção do Brasil.
São guerreiros, profissionais liberais, artistas, atletas e ativistas políticos que fizeram a diferença no país.
Escolhemos 25 personalidades negras brasileiras que marcaram a história do país.

1. Aqualtune (c.1600-?) - princesa e comandante militar
Imagem que personifica Aqualtune
Nascida no Reino do Congo, Aqualtune era uma princesa que ocupou um importante papel na sua terra natal. Comandou um exército de 10 mil homens contra o Reino de Portugal defendendo seu território.
Derrotada, foi vendida como escrava e trazida para Alagoas. No engenho onde estava como escrava ficou sabendo da existência do Quilombo dos Palmares e fugiu para o local levando consigo vários companheiros.
Ali teria três filhos que se destacariam na luta contra a escravidão: Ganga Zumba e Gana, líderes no Quilombo dos Palmares; e Sabina, a mãe de Zumbi.
A causa da sua morte é incerta, mas seus feitos ajudaram a consolidar o Quilombo dos Palmares como refúgio dos escravos na colônia.
2. Zumbi dos Palmares (1655-1695) - líder do Quilombo dos Palmares
Zumbi do Palmares
Zumbi dos Palmares foi o símbolo da resistência dos escravos que conseguiam fugir das fazendas de Alagoas e arredores.
Zumbi já nasceu no Quilombo e, portanto, livre. No entanto, numa das incursões contra o quilombo foi vendido para um sacerdote e assim, estudou latim e português.
Desta forma, sabia das péssimas condições de vida que estavam submetidos os africanos que eram trazidos à força para trabalharem nos engenhos nordestinos.
Volta ao Quilombo e quem o liderava era Ganga Zumba. Nessa época, o lugar já tinha uma população de 30 mil pessoas e representava uma ameaça ao governo português. Por isso, decidem fazer uma oferta para que se entreguem sem violência.
A proposta é rejeitada por Zumbi que teria armado uma emboscada para Ganga Zumba ou o envenenado. Começa, assim uma guerra entre os quilombolas, colonos e a Coroa portuguesa.
Liderando o Quilombo dos Palmares, seu exército foi derrotado, e Zumbi foi capturado e morto. Sua cabeça foi exposta em praça pública, mas seu exemplo de luta foi passado de geração em geração. A vida de Zumbi se tornou exemplo para o movimento negro atual.
Veja também: Zumbi dos Palmares
3. Dandara (?-1694) - esposa de Zumbi
Dandara
Os dados sobre a vida de Dandara são escassos e não há certeza se ela nasceu no Brasil ou na África. Sabe-se que ela foi a esposa de Zumbi e com ele teve três filhos.
Além disso, participou da resistência contra o governo português lutando ao lado das tropas que defendiam o Quilombo dos Palmares. Igualmente, se opôs ao líder Ganga Zumba quando este quis realizar um pacto com o governo português.
Derrotado o exército do Quilombo dos Palmares, para não ser pega pelos soldados coloniais, Dandara preferiu suicidar-se, atirando-se num precipício.
4. Aleijadinho (1738(?)-1814) - escultor e arquiteto
Aleijadinho
Filho de um arquiteto português e de sua escrava, Antônio Francisco de Lisboa, o Aleijadinho, foi alforriado pelo pai. Cresceu num ambiente de arte e pôde receber educação formal junto aos seus meios-irmãos.
Sendo pardo ou mulato nem sempre recebia o que lhe correspondia por suas obras e muitas peças não podem ter a autoria confirmada por carecerem de contrato.
Mesmo assim foi encarregado de realizar várias peças importantes para as ordens religiosas mais ricas da região das Minas Gerais. Suas obras estão em cidades como Congonhas, Mariana e Sabará e em vários museus brasileiros.
Desenvolveu uma doença degenerativa que o fez perder (ou paralisar) os dedos das mãos e dos pés. Mesmo gravemente enfermo não parou de trabalhar e imprimiu às suas criações um estilo inconfundível, sendo reconhecido como grande mestre barroco do período.
Veja também: Aleijadinho
5. Tereza de Benguela (?-1770) - rainha do Quilombo de Quariterê
Tereza de Benguela
Foi a rainha do Quilombo de Quariterê, no Mato Grosso. Após a morte do companheiro, liderou a luta do quilombo contra os soldados portugueses. Sua grande inovação foi a instituição de um Parlamento no quilombo onde se discutiam as normas que regulavam o funcionamento do lugar.
Após ter tido seu exército derrotado, Tereza de Benguela foi morta e decapitada com a cabeça exposta em praça pública. Desta maneira, o governo pretendia o castigo servisse de exemplo para que ninguém voltasse a desafiá-lo.
Dia 25 de julho, data de sua morte, é celebrado o Dia da Mulher Negra no Brasil.
6. Mestre Valentim (1745-1813) - paisagista e arquiteto
Mestre Valentim da Fonseca
Valentim da Fonseca e Silva, mais conhecido como Mestre Valentim, era filho de um contratador de diamantes e uma negra. Nasceu em Serro, Minas Gerais e, mais tarde, Valentim foi levado para o pai a Lisboa onde estudou.
No Brasil, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, então capital da colônia. Prestou serviço para as grandes ordens religiosas e realizou trabalhos para o Mosteiro de São Bento, para Igreja de Santa Cruz dos Militares e a Igreja de São Pedro Clérigos (já demolida).
Chamado de "Aleijadinho carioca" pelo seu talento foi também o autor do traçado original do Passeio Público e do Chafariz das Marrecas, ambos no Rio de Janeiro.
No entanto, sua obra mais conhecida é chafariz localizado na atual Praça Quinze, onde centenas de escravos recolhiam água para abastecer as casas.
7. Padre José Maurício (1767-1830) - músico e compositor
Padre José Maurício
Nascido no Rio de Janeiro, de pais libertos, José Maurício Nunes Garcia seguiu a carreira eclesiástica a fim de ter uma educação formal. Além disso, estudou música, composição e regência, sendo exímio organista.
Com a vinda da Família Real ao Brasil, em 1808, a vida cultural do Rio de Janeiro sofreu um incremento considerável.
O príncipe-regente Dom João, grande admirador da música, nomeou-lhe Mestre de Capela e o fez cavaleiro da Ordem de Cristo, uma das mais tradicionais ordens portuguesas.
Compôs, sobretudo, música religiosa que refletem exatamente a transição do barroco para o classicismo pela qual passava a música europeia.
Com as comemorações do bicentenário da Família Real em 2008, a obra de José Maurício Nunes Garcia foi redescoberta. Assim surgiram várias gravações de orquestras brasileiras e internacionais que permitiram sua divulgação às novas gerações.
8. Maria Firmina do Reis (1822-1917) - escritora e professora
Maria Firmina
Nascida no Maranhão, Maria Firmina dos Reis pode ser considerada uma pioneira em vários campos.
Foi a primeira mulher a passar para o concurso público como professora, a fundar uma escola mista e a escrever um romance "Úrsula" . Este livro anteciparia o gênero de literatura abolicionista que seria moda com "Escrava Isaura", de Bernado Guimarães (1825-1884).
Publicaria em 1871 um conto com a mesma temática "A Escrava" e reuniria seus poemas na coletânea "Cantos à beira-mar".
Maria Firmina foi completamente esquecida e silenciada da História do Brasil, mas pesquisas recentes tem trazido luz sobre sua obra e vida.
9. Luís Gama (1830-1882) - escritor e ativista político
Luís Gama
Nascido na Bahia de uma liberta e de um português empobrecido, Luís Gama nasceu livre, mas foi vendido como escravo pelo pai que estava endividado.
Foi para São Paulo aos 10 anos e trabalhou como escravo doméstico. Aprendeu a ler aos 17 e, nesta época, conseguiu provar junto aos tribunais que era mantido como escravo injustamente e que, portanto, deveria ser posto em liberdade.
Um vez livre, Gama passou a atuar como rábula, um advogado sem diploma que pleiteava causas específicas. No seu caso, Luís Gama conseguiu libertar mais de 500 escravos alegando que todo negro chegado ao Brasil após 1831 deveria ser livre, tal como dizia a Lei Feijó.
Escritor abolicionista, o enterro de Luís Gama foi um verdadeiro acontecimento em São Paulo acompanhado por 4000 pessoas.
Em 2015, a OAB - Ordem de Advogados do Brasil, lhe concedeu postumamente o título oficial de advogado.
10. André Rebouças (1838-1898) - engenheiro e ativista político
André Rebouças
Nascido na Bahia, André Rebouças era filho de um conselheiro do Imperador Dom Pedro I e estudou engenharia no exterior.
Construiu docas nos portos de Salvador, Rio de Janeiro e Recife. Propôs meios para melhorar o abastecimento de água da capital do Império e planejou linhas ferroviárias junto com seus irmãos Antônio e José.
Abolicionista, amigo da Família Imperial, foi um dos fundadores da "Sociedade Brasileira Contra a Escravidão". A princesa Isabel causou escândalo quando dançou com André Rebouças nos bailes da Corte deixando claro sua posição abolicionista.
Monarquista, acompanhou a família imperial no seu exílio em Lisboa e dali partiu para Angola.
11. Francisco José do Nascimento (1839-1914) - marinheiro e ativista político
Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar
Natural do Ceará, filho de pescadores, desde cedo aprendeu o ofício do mar e exerceu de prático-mor. O abolicionismo se espalhava pelo país e no Ceará contou com o apoio decisivo dos jangadeiros.
Em 1881, os jangadeiros, liderados por Francisco do Nascimento, se recusam a transportar os escravos para o sul do país. Desta forma, o comércio ficou paralisado.
O ato do jangadeiro correu por todo país e foi saudado pelos abolicionistas como um gesto heroico. A partir de então, sua alcunha seria "Dragão do Mar" e entraria para história do estado e do país.
O Ceará foi a primeira província do Brasil a abolir a escravidão em 1884.
12. Machado de Assis (1839-1908) - escritor, jornalista e poeta
Machado de Assis
Nascido no Rio de Janeiro, Joaquim Maria Machado de Assis nasceu numa família pobre. Desde pequeno, o menino se interessava pelos livros e aprendeu francês, idioma com o qual escreveria alguns poemas.
Foi funcionário público em vários ministérios, enquanto desenvolvia sua atividade literária publicando crônicas e contos nos jornais.
Ainda assim escreveria nove romances fundamentais para a literatura brasileira dentre os quais se destacam "Dom Casmurro" e "Memórias Póstumas de Brás Cubas".
Além disso, fundou a Academia Brasileira de Letras, e foi seu primeiro presidente. A instituição ainda cumpre um importante papel na divulgação da língua portuguesa e tem a sua sede no Rio de Janeiro.
Veja também: Machado de Assis: biografia e obras
13. Estêvão Silva (1845-1891) - pintor, desenhista e professor
Estêvão da Silva
Nascido no Rio de Janeiro, Estêvão formou-se como pintor na Academia Imperial de Belas Artes. A Academia recebia um grande número de negros e filhos de alforriados e Estêvão Silva é considerado o maior de todos eles.
Especializou-se na pintura de naturezas-mortas, e o crítico Gonzaga Duque observou que "ninguém era capaz de pintá-las tão bem quanto Estêvão Silva". Igualmente, retratou paisagens e figuras religiosas.
Apesar de esquecido pela historiografia brasileira, Estêvão Silva participou do Grupo Grimm, que renovou o paisagismo brasileiro no século XIX.
Na praia da Boa Viagem, em Niterói (RJ), os membros pintavam sob orientação do alemão Georg Grimm. Faziam parte artistas como Antônio Parreiras e França Júnior, entre outros.
O Museu Afro Brasil, em São Paulo, realizou uma exposição para resgatar a figura deste importante personagem.
14. José do Patrocínio (1853-1905) - farmacêutico e ativista político
José do Patrocínio
Nascido em Campo dos Goytacazes (RJ), José do Patrocínio foi para a capital do Império para estudar Farmácia enquanto trabalhava na Santa Casa de Misericórdia.
No entanto, cedo trocou o laboratório pela redação de jornais onde defendia ardorosamente o fim da escravidão.
Com Joaquim Nabuco, em 1880, fundou Sociedade Brasileira Contra a Escravidão. Além de comícios políticos, a organização arrecadava dinheiro para alforrias e facilitava fugas de escravos. Do mesmo modo, concorreu e ganhou a eleição para vereador do Rio de Janeiro em 1886.
Assinada a Lei Áurea, em 1888, Patrocínio vai a Paris, de onde volta com o primeiro automóvel da cidade do Rio de Janeiro. Igualmente, investe suas economias na fabricação de dirigíveis. Falece de tuberculose aos 51 anos de idade.
15. João da Cruz e Souza (1861-1898) - poeta e escritor
Cruz e Sousa
Nascido em Santa Catarina, partiu para a capital, onde foi arquivista da Estrada de Ferro Central do Brasil. Colaborava com diversos jornais e estava atento a causa abolicionista que se desenrolava naquele momento.
Publicou três livros em vida, mas foi sua obra póstuma "Evocações" que lhe garantiu um lugar entre os grandes escritores brasileiros.
Seus poemas são os primeiros do estilo simbolista no Brasil. Apesar disso, faleceu tal qual um poeta romântico, pois a tuberculose terminou com sua vida quando tinha apenas 36 anos.
Pesquisa realizada pela aluna da EJA Módulo IV A Cristiane Carvalho dos Santos.
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